quinta-feira, 14 de junho de 2012

Oneto: "Governo não terá má vontade com a greve"

POR BERNARDO PEREGRINO, PEDRO MUXFELDT E LEANDRO RESENDE

Um dos principais lemas levantados pelo movimento grevista é a de que greve não é férias. E é essa a mensagem que o professor Paulo Oneto compartilha, na luta pelas melhorias das condições salariais e de trabalho dos docentes. Duas semanas depois do início da greve, entre uma aula e outra, Oneto concedeu uma entrevista ao Ecos. Para ele, a adesão de alunos e funcionários permitiu que a pauta de reivindicações fosse ampliada, mas é preciso esperar pela votação do orçamento pelo governo em agosto.

Antes de a greve ser deflagrada,  diziam que você era contrário a ela. Atualmente, você é um dos principais defensores do movimento. O que fez você mudar de opinião?
Houve um mal entendido. Nunca me posicionei contra a greve. Disse em sala de aula que era contrário à forma com que os movimentos grevistas recentes da UFRJ foram tocados. Eram greves muito ideologizadas, com reivindicações vagas. Na realidade, sou favorável a qualquer tipo de greve. Entretanto, necessitamos, antes de entrar em greve, analisar se já foram esgotadas todas as possibilidades de negociação. Naquele momento, ainda não sabia se isso já havia acontecido.

Professores e alunos contrários à  greve questionam se haverá uma saída viável para greve. Na sua opinião, qual seria a possível porta de saída?
É importantíssimo pensarmos em como sairemos da greve. A greve não é o fim, mas apenas um meio de obter as reivindicações. Acredito que a negociação é a principal porta de saída. Deve-se, apesar da falta de vontade do governo em negociar, marcar encontros com representantes do ministério de Orçamento e Gestão. A partir daí, os dois lados têm que ceder em alguns pontos a fim de chegarem a um denominador comum.

Com a adesão de alunos e funcionários à greve, houve um aumento do pacote de reivindicações do movimento, como melhorias na infraestrutura. Caso a discussão do plano de carreira seja resolvida, como ficariam as outras demandas?
Certamente o pacote de reivindicações tende a engordar, mas, sem querer ser otimista demais, penso que o governo não terá má vontade em atender aos outros pontos da greve. Há cursos, como o de medicina em Macaé, que não possuem condições mínimas de funcionamento. Sendo a greve uma luta política imprevisível, não sei como essa negociação vai se dar. Se até agosto, quando o Orçamento for votado, não tivermos chegado a uma solução, as associações de docentes precisam reconhecer a derrota e, caso julguem necessário, fazer uma greve novamente no ano que vem. Só não podemos cair no chamado “automatismo grevista”, ocorrido no princípio dos anos 2000, que almejava apenas a conquista de pontos dentro do jogo político. Acho, porém, que dá para a greve encampar novas reivindicações e, quem sabe, alcançá-las.


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